prefeito troca promessas públicas por celestiais; afastamento de Sérgio Reis é de 10 dias

prefeito troca promessas públicas por celestiais; afastamento de Sérgio Reis é de 10 dias

Cinco meses. Esse foi o tempo que o prefeito de Lagarto, Sérgio Reis, precisou para decidir que merecia uma pausa. Nada mais justo, claro. Afinal, quem é que aguenta o peso de administrar uma cidade cheia de problemas, promessas não cumpridas e uma população cada vez mais descrente? 

Com um sorriso sereno — e quem não estaria sorrindo às vésperas de uma viagem? — Sérgio Reis anunciou na noite desta terça-feira que a vice-prefeita Sueli assumirá o comando do município pelos próximos dez dias. A mesma gestão que até agora não disse a que veio, será conduzida por quem já fazia parte do governo que também não veio.

E o prefeito fez questão de deixar claro: seu afastamento temporário do cargo tem um motivo nobre — o cumprimento de uma promessa religiosa. Um gesto espiritual, profundo, digno de respeito. A licença será sem remuneração, frisou ele. 

Mas, se a fé move montanhas, ainda não moveu a máquina pública de Lagarto. Se é para falar de espiritualidade, hoje a população de Lagarto vive em um verdadeiro purgatório administrativo. Uma cidade às escuras — literalmente — com bairros alagados toda vez que chove, ruas esburacadas, uma saúde em frangalhos e um governo que parece ser conduzido no improviso.

É curioso como o prefeito encontra tempo e disposição para cumprir uma promessa de fé pessoal, mas esquece — ou ignora — as promessas públicas que fez durante a campanha. Onde está o tratamento humanizado para as crianças atípicas tão defendido nos palanques? Onde estão as ações concretas para a saúde, para a infraestrutura, para a dignidade do povo de Lagarto? Cadê a convocação dos aprovados no concurso público? Diga-se de passagem, para um prefeito, tão devoto e humano, ele parece estar transformando a vida desses aprovados em um verdadeiro calvário.

Mas quem ousaria questionar a fé e a religiosidade de um homem público e correr o risco de parecer insensível, né? Enquanto o prefeito se afasta para cumprir sua promessa espiritual, a fé da população em sua gestão continua se esvaindo — essa, sim, sem previsão de milagre.